domingo, 10 de janeiro de 2010

Não! Não tenho ideologias categóricas, estou tão perdida quanto a minha geração, mas tem sempre algo de concreto e de firme nessa gelatina de idéias, e em mim, assim como na Jú, conforme expressou antes, esse “algo” é a necessidade e busca de “não violência”. Uma certeza individual ou de um grupo de como o mundo seria melhor, ou mesmo a própria concretização dessas boas idéias (que realmente considero melhores formas de organização social) não justificam a imposição dela, e a morte de pessoas que não acreditam ou que nem conseguem pensar nessas mudanças. Eu falo de guerras, guerrilhas, falo do olho fechado do governo para as barbáries que a sede do capital causa em nossa sociedade, atitudes inconseqüentes de empresas e do próprio poder público , se é que se pode assim chamá-lo.
E se o pacifismo dominasse? (pergunta Cíntia)
O pacifismo domina já, domina as orientações da ONU, domina os artigos da nossa Constituição Federal. Mas só até um ponto, é claro.. até o ponto em que alguém perde ou deixa de ganhar dinheiro por causa dele. Aí todas as guerras são justas..
Não, eu não sou ingênua de acreditar que a revolução de uma sociedade erradicaria a agressividade do ser humano, uma vez que é inerente a ele. O fato é que em sociedades em que a divisão de renda é mais justa, os índices de violência são surpreendentemente mais baixos, o que prova que, o ser é, entre outras coisas, fruto do meio e que a violência da miséria pode gerar a violência de um assalto, por exemplo. Sei bem que não são todos os miseráveis que cometem crimes, talvez sejam poucos até, em vista da grande parcela da população que se encontra neste estado, muitas vezes não de fome, mas principalmente de miséria social, mais que falta de dinheiro, têm falta de “serem” , de serem reconhecidos como filhos e também donos desta terra, e até mesmo de sentirem que o são. Cada um tem sua resposta inconsciente à sociedade (que pode significar “o inimigo”), seja um assalto, seja o cheiro ruim nas praças, a feiúra bela de tristeza que impõe às ruas das grandes cidades, seja pelas pichações, músicas com palavreado proibido...
Se eu acho que muda-se tanta coisa de uma hora para a outra? Claro que não! Mas pelo tempo de existência das sociedades, penso eu, ao menos os aparelhos ideológicos já deveriam estimular e construir paz. Não que se chegue a ela plenamente.. Mas com justiça social, com a não existência de guerras, com o cidadão colocado antes de interesses financeiros, com a escola, a arte, a mídia trabalhando por um mesmo fim, de maior harmonia, isso se daria de forma muito mais significativa. Como já disse, a violência não deixa de existir, por que é do homem, mas reduzindo ao mínimo suas causas externas poderíamos não só vivermos melhor, como também cobrar, até mais severamente, aquele que desrespeitar a vida e a boa convivência entre humanos.
Ainda sim é ingênuo?
É um sonho que não realizaremos neste século, pelo menos, mas, no momento, quero me empenhar nos caminhos.. não em partidos ou movimentos, que concordo, são importantes, mas em entidades ou pessoalmente, com projetos mais específicos e alcançáveis que visem um mesmo fim de transformação social.

Mesas...bares.. mentes...

E como eu gosto das mesas de bar...De qlq uma, de madeira, de plástico, de metal.. Qualquer uma rodiada de gente interessante.. gente que me faz pensar mais e de novo e de novo em conflitos velhos ainda tão atuais.... Noites assim reacendem em mim uma tocha, de fervor tão ardente que nem mesmo essa gente poderia supor... ou sim, talvez o sintam.. Mas talvez ignorem o calor, por estarem tão imersos nele.. O fato é que era exatamente do que eu sentia falta.. Nem das aulas, nem dos prédios da Pontifícia, nem dos partidos, mas das mentes. Como tenho sentido sede de debates calorosos e amigáveis desses que deixam uma faísca eternizada... Ótimo saber que não se está sozinho numa idéia, como tbm o é, saber que as contrariedades dos demais, muitas vezes tem muito mais sabedoria que as suas próprias certezas... É aí que se diz “preciso deles”... Pensar junto é impossível, mas a ceia de todas as idéias alimenta um grupo traz força e energia pras futuras atitudes, claro.. pois de certo que não ficaremos parados em nossas reflexões acadêmicas e até idealistas... Quero crer que não acabarão em si... no que depender de mim; haverá sempre menos conversa que ação... Mas o fato é que só a conversa em si, por hora, já me impressiona, tão poucos minutos conversamos.. eu sei.. e tantas faíscas de idéias novas pra vida, não para as dos outros... “sem imposições”... mas para a minha mesma... Além disso, fico ainda mais feliz de estar falando de mulheres.. Como tenho visto mulheres sofrerem ultimamente! Homens, filhos, auto-estima, principalmente este último, são os motivos... Mas ali foi diferente.. sim, falamos de tudo isso, por que não conseguimos deixar de falar... Mas não era sofrimento.. E o que mais me alegra, não eram o ponto.. Até pq, o ponto em si, o motivo, a grande celebração era a amizade... Pois é, temia que Nietzsche estivesse verto em dizer que mulheres são incapazes de tal sentimento.. Mas vejo que não! Se estava em seu tempo, está agora mais que ultrapassado.. Sei bem o que sinto por essas mulheres, e tem muito mais de admiração e carinho do que qlq outra coisa... Agora voltando à mesa, é claro que não podemos esquecer os entorpecentes que dão sempre um empurrãozinho pra tirar o ser de seu eixo de origem e de conforto, o que, sem dúvida, contribui para a inovação.